sexta-feira, 2 de maio de 2008

Telefonista

Em abril comecei a trabalhar numa agência de viagens especializada na América do Sul. Apesar de ser brasileira e falar espanhol, eu tenho que trabalhar junto com os japoneses e atender aos telefonemas em japonês. Essa é a parte que eu menos gosto. Geralmente os japoneses se identificam logo no início da ligação, dizendo o nome da empresa em que trabalham e o próprio sobrenome, para que a pessoa do outro lado da linha não precise perguntar e possa transferir a ligação rapidamente. Não é o meu caso, já que eu quase nunca entendo o que eles dizem de primeira, salvo pelas pessoas que ligam com uma certa frequência. Então eu pergunto de novo, eles respondem, eu repito com um ? e eles corrigem, daí eu repito com um né? e aí sim posso transferir.

No Brasil eu sempre tinha que soletrar meu sobrenome porque ninguém entendia de primeira, e confesso que não gostava muito disso. Agora eu imagino a reação das pessoas que eu atendo. Elas devem se sentir indignadas... principalmente aquelas cujos sobrenomes dão em árvores aqui no Japão, equivalentes a Silva, Santos, Oliveira, etc. A probabilidade de alguém errar um nome desses é muito pequena, a não ser que ele(a) seja estrangeiro(a). :p

O pior é que, como novata, está pressuposto/subentendido que eu não tenho muito o que fazer e, portanto, é meu dever atender o telefone quando ele está tocando sem parar e todo mundo parece ter ficado surdo. É um alívio enorme quando algum brasileiro ou hispanohablante liga por engano na nossa linha (que é separada do atendimento em Português e Espanhol) e eu posso falar sem medo. Acho que vou ficar com trauma de telefone... isso porque eu já não sou muito fã. Prefiro os e-mails. Devo estar enerdeando cada vez mais. E considerando que adquirir algumas línguas estrangeiras tem como efeito colateral o esquecimento das outras, minha capacidade de comunicação está seriamente danificada. De repente o trabalho de "telefonista" sirva como uma terapia de choque.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ai, Ilkam, sei exatamente como se sente!

Quando estava trabalhando em escritório em NY, era a mesma coisa. Fazia de tudo para não atender o telefone, mas às vezes não tinha jeito.

E era terrível. Eu até entendia o que a pessoa queria, mas não entendia quem era e de que empresa. E aí as pessoas soletravam, mas soletravam super rápido e eu tentava anotar qualquer coisa, e, muitas vezes, ficava com receio de ficar "que? que?" muitas vezes e desencanava. Deixava lá pro meu chefe decifrar quem, afinal, era. Pelo menos ele dava risada.

Hoje já não tenho tanto medo de telefone, mas prefiro não fazer ligações quando há outra opção.

Boa sorte! Tenho certeza de que vai melhorar com o tempo :)

Beijão!

Anônimo disse...

Oi, Ilkíssima,

estava louca por um post novo! Escreva com mais frequencia!
Bjos

Anônimo disse...

Também sei como vc se sente! Mas no meu caso, eu sofro com os portugas!!!