sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Alguma coisa acontece no meu coração...

Ontem eu vi as fotos que a Dea e o Al tiraram quando foram ao Brasil passar Natal e ano novo. A Dea é uma amiga da ECA que foi pros States se casar com o Al, que é americano. Parece que a visita foi ótima, a julgar pelas fotos e, principalmente, pelos comentários do Al. Não sei se é o amor dele por ela, ou da família dela por ele, mas em geral ele falou muito bem do Brasil - das pessoas, da comida e até do encanamento! Vendo um estrangeiro falar tão bem do Brasil me fez pensar nas coisas boas de lá, e a saudade apertando enquanto eu via as fotos das comidinhas, praia, cidade pacata do interior, tartarugas (eu tenho 3), amigo secreto em família, amigos da ECA reunidos num bar.
Quando eu terminei de ver as fotos, uma música estava tocando na minha cabeça: "Alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João..." Ah, que saudade de ti, Sampa. O que será que tem de especial nessa cidade grande, suja, congestionada, perigosa, tão rica e tão miserável? Acho que são os vários mundos que existem nela. Gente de todos os cantos do país e do mundo, "tribos", ruas especializadas em alguma coisa, comida de rua e restaurantes de luxo, vendedores ambulantes e shopping centers. Tudo junto? Não, tudo separado. Cada qual no seu mundo, cada atração com seu público. Pelo menos esse é o status que se tenta manter. É uma convivência na aparência e por mais hipócrita que seja, de uma certa forma funciona.
Reformulando, ah, que saudade do meu mundo lá em Sampa.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Relatório

Primeiramente, feliz ano novo! Infelizmente as férias para mim foram curtas e já acabaram faz tempo. Hoje, ao sair de casa pela primeira vez depois de 3 dias, eu senti o inverno na pele. Mais especificamente nos pés. Depois de dirigir a scooter por 15 minutos no vento, eu pisei no chão e não senti nada. Meus dedos estavam dormentes. Fui à biblioteca, que estava quentinha, andei, subi escadas, mas nada da sensibilidade voltar aos pés. Eu sempre fui assim, pé-frio. Nesses dias de inverno o difícil é pegar no sono com os pés gelados.
Bom, pelo menos eu não tenho que sair de casa todos os dias. Eu tenho uma matéria só na faculdade e dou aulas de Português 3 vezes por semana. Agora estou escrevendo meu sotsuron (TCC) que tem que ser entregue no último dia do mês. O tema é "Compreensão internacional e a educação das crianças estrangeiras". Meu foco é 1. no problema de adaptação das crianças brasileiras às escolas japonesas e 2. no conteúdo de "compreensão internacional" introduzido no currículo nacional para estimular o contato com as culturas de outros países. O que eu quero mostrar é se esse novo currículo ajuda a melhorar o entrosamento entre alunos estrangeiros e alunos japoneses, e por que é importante investir nessa minoria.

Depois que esse pesadelo de escrever um TCC em japonês terminar, é hora de pensar na mudança. Por enquanto nada foi definido, mas provavelmente eu me mudarei pra Tóquio. Em junho do ano passado eu consegui uma vaga em uma agência de viagens japonesa, para começar a trabalhar em abril deste ano, depois de me formar. Só que aqui no Japão, empresas como essa, que têm matrizes espalhadas pelo país, só informam o local onde os novos funcionários vão trabalhar com 2 ou 3 meses de antecedência. E nem sempre, ou quase nunca, é possível negociar. Foi o meu caso. Ah, é, eu já fiquei sabendo que querem que eu trabalhe em Osaka, porque quando eu perguntei pro RH se eu poderia ser mandada para Tóquio, eles disseram que não, que o meu local de trabalho já tinha sido definido... :(

Esse ano vai marcar o fim da minha vida de estudante. Finalmente. Tudo é mais fácil, com certeza, mas eu não gosto de estudar. Mãe, desculpe desapontá-la, mas eu parei de gostar quando saí do colégio. Para marcar o fim dessa que foi a maior parte da minha vida, eu bem que queria pelo menos uma cerimônia de formatura onde eu pudesse vestir aquela beca feia e receber o canudo sob uma salva de palmas de pessoas que não sabem que eu nem estudei para passar. É claro que a festa seria ainda mais importante, uma oportunidade de me empetecar, me divertir e bebemorar. Mas aqui no Japão a formatura não é tão importante. Não há entrega de canudos; o representante da classe recebe um diploma em nome de todos e acabou. Festa, se houver, geralmente não passa de um jantar regado a muita bebida, só que bem mais caro que todas as festas dos tempos de faculdade. Afinal, é a formatura. A diversão pode ser pouca, a cerimônia injusta, mas um japonês (pelo menos uma japonesa) que se preze tem que manter as aparências (e só). As mulheres se vestem de hakama, uma saia longa vestida por cima do quimono, enrolam as madeixas e enfeitam a cabeça com flores artificiais gigantescas. Eu também... :p Esperem para ver.