segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Virando criança... e vovozinha?

Apesar de ter ido 3 vezes na Universal Studios Japan em Osaka, eu nunca tinha ido na Tokyo Disneyland. Dia 5 eu fui. Mas não na "Disneyland" e sim na "Disney Sea", que é um parque anexo aa Disneyland e faz parte do complexo Tokyo Disney Resort.
A média da população japonesa já é meio "jovem" psicologicamente, chegando muitas vezes a ser infantil. Se pessoas normais, como eu (pelo menos eu me considero), viram crianças por um dia dentro de um parque desses, imaginem os japoneses, que são fãs de coisas bonitinhas e personagens de desenho animado. Parecia um Halloween. Todo mundo com orelhinha de Mickey/Minnie (eu também!!), ou Pato Donald, Stitch etc etc etc. No fim da tarde começou a chover e daí surgiram uns vestidos com capa de chuva do Mickey (com orelhinha no capuz e tudo).

Obviamente é um grande shopping center além de parque de diversões. Você acaba gastando, mesmo sem querer. Mas é divertidíssimo. Não é nem tanto pela adrelina dos brinquedos, porque fora a Torre do Terror, que é aquele elevador que despenca, tem uma mini-montanha-russa com um looping e o resto é super tranquilo. Mas toda a decoração, o cenário, é como se você estivesse dentro de um filme. Exceto pelo frio, a chuva e a dor nas pernas, quase dá pra esquecer do mundo real lá fora.

Falando em dor nas pernas, desde de antes de ir na Disney eu já estava sentindo uma dor na coluna que eu nunca tinha tido antes. Fiquei aguentando por umas 2 semanas até que resolvi ir no massagista, também pela primeira vez na vida. Meio caro (50 dólares por 40 min) mas uau... vale a pena. Infelizmente não resolveu o problema pela raiz porque aquilo era resultado de muito tempo de má postura. Fui lá gastar mais 20 numa almofada para deixar na cadeira da firma, onde já se encontra pendurado meu xale para quando o ar condicionado está muito frio. Para completar, comecei a tricotar. Confesso que é muito bom ter um hobby (mais um) que não exige raciocínio. O tempo passa rapidinho... e no fim eu percebo que estou com dor nos ombros. Assim não dá... tô velha.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quando é chegada a hora. Mas quando?

Ontem, depois que terminei de postar, descobri que havia um rascunho não publicado, que eu tinha começado a escrever no dia 19 de junho de 2008. Entre aspas vão as palavras escritas na época.


"No último dia 15 minha avó materna se foi. Ela havia sido internada, passou por um período crítico e melhorou, tanto que todos esperavam que ela fosse sair logo do hospital. Eu também esperava, mas quando atendi o telefone aquela noite e ouvi a voz da minha mãe, já sabia o que estava por vir. Ela disse "Ilka, a batchan (vó)..." e eu, não querendo admitir, perguntei "o quê??" Mesmo depois de ouvir a dura verdade, eu continuei perguntando "mas como?", "onde você tá agora?", "onde ela vai ser enterrada?" Levou algum tempo até a ficha cair e as lágrimas também.
Ninguém vive para sempre e"

Já faz muito tempo, e eu não me lembro exatamente do que eu quis dizer então, mas acho que devia ser algo do tipo: ninguém vive para sempre e, depois de uma certa idade, a morte é algo já esperado. Mesmo assim, sempre acreditamos que haverá um amanhã. Um amanhã para dizer tchau, para perguntar alguma coisa, para para pedir desculpas, agradecer, perdoar, fazer as pazes. Esse amanhã não veio, e eu aqui do outro lado do mundo vi os dias passando e a memória dela parada no tempo. Não consegui dizer adeus, nem com palavras, nem com a minha presença, nem com flores e nem com cerimônias. Não chega a ser um arrependimento, mas o fato é que sem me despedir fica difícil superar, e as lágrimas ameaçam sair sempre que eu me recordo.

Esse tipo de experiência é que inspira aquelas frases "não deixe para amanhã o que pode fazer hoje", "viva cada dia como se fosse o último" etc. É, seria o ideal, mas quase ninguém faz isso. Primeiro, porque a vida que nós levamos é feita de hojes e amanhãs, de planos a curto e longo prazo, esperanças, expectativas e previsões. Construir uma família nada mais é do que acreditar no futuro. Além disso, ficar esperando a morte para si mesmo ou para "o próximo" não me parece muito legal... No fim, o que importa é que aqueles que ficam têm que dar a volta por cima. Os que foram... já não estão.

domingo, 8 de novembro de 2009

Contagem regressiva e Cirque Du Soleil

Esse blog, apesar dos longos intervalos de silêncio entre posts, foi um "diário", um espaço de relatos da minha vida no Japão. Foi? Por enquanto ainda é, mas está com seus dias contados.
A história "7 anos no Japão" logo chegará ao seu fim. Até lá, para despedir-me dignamente, vou tentar escrever mais. Vai servir como reabilitação do idioma, seriamente danificado ao longo desses anos.

Dia 6, sexta passada, fui ao Cirque Du Soleil. Eu já tinha ido uma vez ao espetáculo Alegria em Osaka, mas o assento não podia ser pior, longe do palco e com uma viga obstruindo a visão.
Dessa vez fui ao espetáculo Corteo. Com menos assentos, sem vigas e com um palco central giratório, a visão era ótima. No Cirque Du Soleil, não há nenhum movimento que possa ser perdido, tudo pode ser considerado performance, arte. A música, tocada e cantada ao vivo, é perfeitamente sincronizada com as performances, e entre as atrações não existe tempo perdido, sempre um pequeno teatro, artistas que simplesmente atravessam o palco fazendo piruetas, anjos que descem do céu (teto)... Na verdade tudo é interligado pelo tema central: a partida do personagem principal para o céu, passando por um longo sonho que relembra a sua infância e seus amigos.

Enfim, não sou muito boa para fazer esse tipo de descrições. Mas uma coisa posso afirmar com absoluta certeza: se alguma vez na vida você tiver a oportunidade de ir ao Cirque Du Soleil, não deixe passar, porque vale muito a pena. Se você não gostava de "circo" quando era criança, esqueça o significado que essa palavra tinha até agora, porque esse espetáculo é teatro, música, dança, comédia, ginástica olímpica, tudo junto.
Particularmente, acho que esse é um espetáculo para adultos, para que nos lembremos de quando éramos crianças. Eu fiquei o tempo todo boquiaberta e de vez em quando colocava a mão na boca, incrédula de que aquelas pessoas ali no palco eram humanos como eu, com um certo medo de que elas fossem cair.
Fiquei pensando qual a diferença entre esses artistas e atletas profissionais, por que eles não competem nas olimpíadas. Deve ser porque os atletas têm como objetivo a vitória, e os artistas de circo estão buscando o reconhecimento do público, nada de pontos nem notas, nada de regras. É bonito ver que, apesar de toda a tecnologia que existe hoje em dia, nada substitui a emoção que um ser humano pode causar usando nada mais que o seu próprio corpo e uma mente artística.