terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quando é chegada a hora. Mas quando?

Ontem, depois que terminei de postar, descobri que havia um rascunho não publicado, que eu tinha começado a escrever no dia 19 de junho de 2008. Entre aspas vão as palavras escritas na época.


"No último dia 15 minha avó materna se foi. Ela havia sido internada, passou por um período crítico e melhorou, tanto que todos esperavam que ela fosse sair logo do hospital. Eu também esperava, mas quando atendi o telefone aquela noite e ouvi a voz da minha mãe, já sabia o que estava por vir. Ela disse "Ilka, a batchan (vó)..." e eu, não querendo admitir, perguntei "o quê??" Mesmo depois de ouvir a dura verdade, eu continuei perguntando "mas como?", "onde você tá agora?", "onde ela vai ser enterrada?" Levou algum tempo até a ficha cair e as lágrimas também.
Ninguém vive para sempre e"

Já faz muito tempo, e eu não me lembro exatamente do que eu quis dizer então, mas acho que devia ser algo do tipo: ninguém vive para sempre e, depois de uma certa idade, a morte é algo já esperado. Mesmo assim, sempre acreditamos que haverá um amanhã. Um amanhã para dizer tchau, para perguntar alguma coisa, para para pedir desculpas, agradecer, perdoar, fazer as pazes. Esse amanhã não veio, e eu aqui do outro lado do mundo vi os dias passando e a memória dela parada no tempo. Não consegui dizer adeus, nem com palavras, nem com a minha presença, nem com flores e nem com cerimônias. Não chega a ser um arrependimento, mas o fato é que sem me despedir fica difícil superar, e as lágrimas ameaçam sair sempre que eu me recordo.

Esse tipo de experiência é que inspira aquelas frases "não deixe para amanhã o que pode fazer hoje", "viva cada dia como se fosse o último" etc. É, seria o ideal, mas quase ninguém faz isso. Primeiro, porque a vida que nós levamos é feita de hojes e amanhãs, de planos a curto e longo prazo, esperanças, expectativas e previsões. Construir uma família nada mais é do que acreditar no futuro. Além disso, ficar esperando a morte para si mesmo ou para "o próximo" não me parece muito legal... No fim, o que importa é que aqueles que ficam têm que dar a volta por cima. Os que foram... já não estão.

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