terça-feira, 30 de novembro de 2004

Fim de Semana

Sábado. Depois de sair do trabalho, às 4, eu fui pra Gaidai. Uns dias antes eu tinha perguntado aos kohais se eles não queriam se encontrar comigo para jantar qualquer sábado desses, já que agora eu estaria por lá de qualquer jeito mesmo. Na sexta, um deles, o Rafael, me ligou para perguntar se eu não queria ir numa festa-surpresa que ia ter na casa de uma professora brasileira que dá aulas na Gaidai. Era aniversário de uma professora portuguesa. Então eu fui. Primeiro fui pra Gaidai, conversei um pouco com eles, e quando a gente tava para sair, encontrei com um amigo do Sri Lanka, que também estudava na Gaidai e está estudando na Universidade de Osaka, que é lá perto. Bom, o que importa é que ele tava de carro, e nos ofereceu uma carona até o lugar da festa. Era um apartamento super espaçoso.
Inventaram uma história para enganar a aniversariante e ela caiu feito um patinho... Acho que foi surpresa mesmo. Quase todos os convidados eram professores estrangeiros. A comida tava boa... sanduíche de metro (foi o primeiro pão de metro que eu vi no Japão), bolo tamanho brasileiro, brigadeiro, caipiriha de Ypioca... mas o vinho era chileno. Deu pra falar bastante português.
Domingo. Acordei tarde, tomei café tarde, não fiz nada de proveitoso, até 1 e meia, quando fui encontrar meu professor e meu tutor na estação. Meu professor tinha vindo de carro para nos buscar e levar até a casa dele. Achei que fosse pro almoço, mas era pra janta. Até chegarmos à casa dele, umas 5 e meia, visitamos vários pequenos templos da região, uma represa, uma réplica de uma casa japonesa do século XV, com telhado de palha, comum em lugares frios. Tudo isso dentro dos limites da cidade de Kobe. Se fosse São Paulo, seria como ir do litoral ao interior. O contraste era inacreditável. Kobe, como vocês devem saber, é uma cidade portuária. O chamado centro da cidade fica na região mais litorânea, uma estreita faixa de terra entre o mar e as montanhas. Atrás das montanhas, atrás da Muralha, fica uma grande, talvez a maior parte do território da cidade. E para atravessar a Muralha, eles construíram um túnel. De 6 quilômetros! Há também uma linha de trem que passa dentro da Muralha, e aí não é de se espantar o preço da passagem: 520 ienes (5 dólares) por pouco mais de 10 minutos de viagem. E mesmo se for de carro, tem que pagar pedágio - 600 ienes. Mas a paisagem, principalmente no outono, vale a pena, e tem a vantagem de nem precisar sair da cidade. Arrozais, casas em estilo tradicional japonês, e as montanhas ao redor coloridas de amarelo, laranja e vermelho.


quarta-feira, 17 de novembro de 2004

Começou a nova jornada

Já faz 2 semanas que eu comecei a trabalhar. Na primeira semana, a garota que costumava ficar na classe que eu peguei ainda estava lá para me orientar, mesmo assim eu fiquei meio perdida. Semana passada, como se não bastasse meu nervosismo e expectativa por ter que tomar conta da classe sozinha (a professora quase não conta), eu fiz uma das minhas - em vez de ajustar o despertador pra AM... o resto vcs já sabem. Acordei depois do horário em que eu deveria pegar o trem. Resultado: 50 minutos atrasada (mas eu avisei a escola assim que eu acordei, desesperada...). O engraçado é que eu estava sonhando com isso. Bom, não é nada sinistro, considerando que eu geralmente sonho que perdi a hora pra algum compromisso e tenho que sair correndo e atropelando todo mundo... deve ser uma auto-crítica à minha falta de pontualidade e à perda de tempo como uma ação consciente.
Este sábado não haverá aulas, então eu estou de folga. Planos de ir ao karaokê com a Septa, minha vizinha da Indonésia.
Dia 23 é feriado nacional (Dia do Trabalho), e eu vou pra Kyoto apreciar a paisagem de outono (humm, que fresca...). Esse tipo de... atividade? costume? é chamado momiji-gari. Momiji significa maple que, por sua vez, significa bordo (acho que se pronuncia bôrdo), que eu nunca tinha ouvido na vida, mas, enfim, é aquela folha na bandeira canadense (se não me engano). Que, aliás, é usada pra fazer uma calda tipo caramelo, que tem um sabor incrível, é muuuito bom. Ah, claro! O Nelson veio pro Japão no início do inverno, mas a paisagem era característica de outono. Se vcs viram as fotos que ele tirou em Kyoto, sabem do que eu estou falando.

Talvez eu consiga um outro trabalho, dessa vez para ensinar português. Mas a minha suposta futura aluna ainda não entrou em contato comigo, então... veremos. Hoje eu me encontrei com a estudante japonesa pra quem eu dou aulas de português, quer dizer, dou uma assistência, porque na verdade ela já sabe bem o português. Gente... ela traz uns textos e livros acadêmicos que nem eu entendo. Aí ela me pergunta o que quer dizer e eu fico lá, meia hora pensando, para depois sair com um talvez, provavelmente, não tenho certeza mas acho que é isso... Geralmente é problema de contexto, pressupostos e subentendidos, cuja diferença eu nunca entendi, ou alguma palavra "inventada" por algum estudioso.
Achei o site Gramática on-line e tava dando uma olhada lá... nossa, eu não me lembrava daquele monte de classificações de análise sintática... português é um bicho complicado mesmo.

Bom, vou deixar de lado meus parênteses e dar uma pedalada (na ergométrica). Parabéns às dezenas de aniversariantes de novembro! Um grande beijo a todos. Salut =)