domingo, 30 de julho de 2006

Gaijin x Japa - chega dessa merda!!

Depois de ver algumas comunidades no orkut usando as palavras "gaijin" e "nihonjin", uns falando mal dos outros, cheios de preconceito e ignorância, não pude conter minha indignação. Apesar de ter muita gente que só usa essas palavras pra designar descendente de japonês ou não, elas são lenha na fogueira da xenofobia mascarada pela "cultura multi-étnica" brasileira.

Eu não deveria me importar tanto com certas pessoas incoerentes que dizem "gaijin quer dizer estrangeiro, e os estrangeiros são vcs [descendentes de japoneses] que tão na nossa terra. Sem preconceito!", mas não dá. Nossa terra? Que merda é essa? Estrangeiros são vcs?

Vamos deixar umas coisas bem claras:
1. Quem nasce no Brasil e/ou adota o país como seu é brasileiro, independente da ascendência.
2. Gaijin quer dizer, sim, estrangeiro, e no Japão essa palavra é considerada depreciativa, apesar de nós mesmos nos chamarmos de gaijins. Depois de vir pra cá e saber disso, passei a achar errado o uso dessa palavra pelos nikkeis brasileiros pra designar os não-descendentes. O problema é que, além de ser mais fácil que dizer "não-descendentes de japoneses", a palavra já ficou tão comum que fica um pouco difícil de substituí-la.
3. Descendentes de asiáticos (japoneses, chineses e coreanos) ainda são vítimas de piadinhas e apelidos ridículos, além de uma generalização que é fruto da mesma ignorância. Afinal, quem faz esse tipo de piadinha na rua não quer saber se vc é descendente de japoneses, chineses ou coreanos. Tendo olhos puxados basta, certo?
4. Nihonjin quer dizer japonês. Na minha família, pelo menos, só tem duas nihonjins, que são minhas avós. Eu não sou nihonjin, sou nikkei. Aqui no Japão, aliás, eu sou gaijin.

Quando alguém na família (na minha e na maioria das famílias nikkeis) arranja um(a) namorado(a), é comum perguntarem se é "nihonjin ou gaijin", né? Mesmo que não faça a menor diferença, eles perguntam, não perguntam? Na geração dos nossos pais era comum (e desejável) que nikkeis se casassem entre si, mas na nossa geração não tem que ser e já não é assim. Eu, pelo menos, não vou fazer pros meus filhos essa pergunta.

Essa palavra, gaijin... eu espero que ela desapareça quando não houver mais a necessidade de caracterizar uma pessoa como descendente ou não de japoneses. Se não, espero que seja substituída por algo mais coerente, já que nós estamos falando de brasileiros e nada mais. Confesso, não faz muito tempo que eu mesma usei essa palavra. Mas foi ingênuo da minha parte pensar que, se eu não tivesse nenhum preconceito, tudo bem usar esse termo, já que é mais fácil, como eu disse. Peço desculpas aos que se ofendem e prometo fazer o máximo pra não usar mais essa palavra. A propósito, o que eu disse foi "acho que me dou melhor com caras gaijins". Esse negócio de chamar os nonnikkeis de gaijins só porque eles nos chamam de japa, china, coreba, também não tem nada a ver.

O que todos nós temos que fazer é aprender a respeitar todas as culturas e etnias do MUNDO, porque no Brasil há um pouco de cada uma delas e TODAS são parte importante daquilo que a gente chama cultura brasileira.

sábado, 1 de julho de 2006

Déjà vu?

Foi a pior derrota da MINHA história. Eu nunca tinha assistido a uma Copa do Mundo com tanto fervor. Vai ver que, por estar no meio de um monte de japoneses, eu tive que torcer com uma intensidade 10 vezes maior pra não deixar o espírito canarinho apagar.
O Brasil começou bem o jogo, e a França parecia defensiva, mas essa tranquilidade só durou até a metade do primeiro tempo. Quando a França começou a atacar, eu já comecei a sentir aquele frio na barriga... Perder pra França de novo seria uma punhalada no orgulho de milhões de brasileiros.
Eu já esperava um jogo difícil, mas não um jogo feio. Uma chuva de cartões amarelos pra combinar com a nossa camisa, poucos chutes a gol e um show de Zidane só podiam ter ficado piores com o coro da torcida brasileira "Ei, Parreira, vai tomar no cú". Quando eu ouvi aquilo, parte de mim queria que o Brasil perdesse pelo simples fato de que aquela torcida não merecia ver o Brasil ganhar. Mas aquela era somente uma parte privilegiada de uma nação torcedora.
Eu não acho que o Brasil jogou tão mal. Só que podia ter jogado muito melhor. O problema é que, sendo os atuais campeões e carregando cinco vitórias nas costas, nos acostumamos a vencer. E quando não vencemos, alguém tem que levar a culpa - e, eventualmente, os xingos da torcida.
Ainda não posso dizer que gosto de futebol, mas posso dizer que sou fiel torcedora da seleção e agora eu entendo o que é sofrer por futebol. Sendo assim, eu me sinto no direito de criticar outros torcedores. E a torcida gritando pro Parreira merece o título de pior performance da Copa. Acho que a gente deveria aprender um pouco com a torcida da Croácia...