domingo, 4 de maio de 2008

Copeira

Além de telefonista, eu também sou copeira. O salário, entretanto, não sobe. Aliás, tá bem, bem baixo. Nas empresas japonesas não é muito comum ter funcionários que se dedicam exclusivamente à limpeza ou a assuntos de cozinha. Todos ajudam a limpar, tirar o lixo, fazer café etc. No prédio onde trabalho há uma senhora responsável pela limpeza dos banheiros de todos os andares, mas ela é funcionária do prédio e não da empresa.

Minha tarefa, além de limpar minha própria mesa, como devem fazer todos os funcionários, é limpar a mesa da chefe, as pias e o espelho do banheiro feminino, servir cafezinho pros clientes e checar a cozinha de vez em quando. Nós temos uma cafeteira italiana ótima que prepara um espresso bem parecido ao cafezinho brasileiro, xícaras de porcelana Schmidt e açúcar União. Tudo pro cliente se sentir no Brasil... acho. Mas nós os funcionários tomamos café estilo americano, mais aguado, suficiente pra encher uma caneca, e que obviamente dura mais que um cafezinho.

O movimento na cozinha é grande. Movimento é força de expressão, já que a cozinha é tão apertada que se movimentar por ali é difícil. Infelizmente devido à minha falta de noção espacial eu não posso nem chutar quantos metros quadrados tem o cubículo que inclui a cozinha, os armários e o corredor pro banheiro, mas é tudo bem apertado, considerando também que há caixas de papelão amontoadas em todos os cantos. A gente vai passando pedindo licença e desculpas, deixa a caneca na cafeteira e só volta depois do café pronto porque não tem espaço para ficar esperando. Quando o movimento parece estar tranquilo, eu vou ver se não falta água ou café na cafeteira, açúcar nos açucareiros, gelo no congelador, tudo que soe assim redundante. Isso me ajuda a passar o tempo quando não tenho o que fazer e me salva de atender o telefone. E o café me mantém acordada.

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