segunda-feira, 19 de abril de 2004

EEEEEEEEEEE!!!!!!!!!!! Internet no meu computador!!! Abaixo segue o big-post que eu escrevi durante alguns dias e salvei sem poder copiar aqui.

Finalmente eu tenho acesso à internet novamente. Não, não no meu próprio quarto, como eu esperava. Isso ainda levará algum tempo, não sei quanto. Com todo o trabalho da mudança, um curto período sem-teto, seguido por um período sem-internet, não deu para atualizar o blog. Desculpem, não é mais o caso de dizer atualizar e, sim, tirar o pó do blog. Bom, tudo o que eu falei até agora é mentira. Eu estou escrevendo no Word do meu computador, mas para salvar e copiar no blog assim que eu tiver acesso à internet.
Eu estou em Kobe! Sim, na ensolarada e civilizada (aparentemente) Kobe! Falando em civilizada... Domingo, dia 4, no caminho de volta da locadora, eu estava esperando o semáforo fechar, e caía uma chuva constante, mas fina. De repente eu percebo um guarda-chuva cobrindo minha cabeça. Olho pra trás, uma simpática senhora em seus sessenta e poucos anos sorri e diz: “Só a cabeça mas, mesmo assim...” Eu fiquei surpresa, agradeci, me desculpei (no Japão é costume desculpar-se ao receber um favor). Ela acrescentou: “Andando não dá pra sentir muito, mas se ficar parado... e esse semáforo também demora, né” e comentou: “Coitado do pessoal que queria fazer hanami (olhar as flores de sakura) hoje, né?” Quando o semáforo fechou, ela seguiu seu caminho, recomendando que eu tomasse cuidado. Fiquei até um pouco feliz depois disso... que senhora mais gentil!
Hoje (dia 5 de abril) eu tive exame médico pra universidade. Era dia das mulheres de algumas faculdades fazerem o exame. Pode parecer maldade, e eu nem tenho direito de falar isso, mas a verdade é que eu fiquei espantada com o tanto de garotas feias que havia. É que lá na Gaidai não era assim. E mesmo ns ruas não se nota. Talvez por causa da concentração ficou mais evidente que o Japão é como todos os outros países: tem mulher feia, sim. É que eu achava que as mulheres, em geral, não eram tão feias, e que os homens eram caso perdido aqui no Japão. Bom, o que a natureza fez não é certo julgar. Mas a moda... credo, como elas se vestem mal.
Depois do exame médico e passar pela administração regional, eu fui comer um sanduíche na Subway. Me empolguei com as baixas calorias dos sanduíches, já é a segunda vez em 3 dias, heheh. Tudo bem que eu comi um chocochip cookie depois, mas é irrelevante. Enquanto eu estava lá comendo, havia um grupo de umas 5 garotas, sentadas, aparentemente não consumindo nada. Estavam conversando, entre outras coisas. Outras coisas: uma delas estava fazendo a manutenção da permanente com uma “baby-liss” portátil! Aproveitando-se dos espelhos que cobrem as paredes do restaurante – seria essa a razão por que elas escolheram a Subway? Todas tinham o mesmo estilo de cabelo: tingido, permanente, ar de cabeção (ou cabeção de ar?), e o mesmo estilo de roupas: jeans, bico fino e salto alto. Fiquei imaginando o que será que essas menininhas (com seus 20 anos) bonitinhas que se vê nas ruas fazem da vida. Quem banca suas roupas de marca, cabeleireiro e manicure? O que acontecerá se, um dia, elas tiverem que enfrentar a vida de frente, de verdade? Eu nem posso dizer sobre mim mesma, mas... o que se sabe do futuro são somente riscos e chances.
Tenho a nítida impressão e altas probabilidades de que os primeiros muitos meses de faculdade serão um fiasco. Meu conhecimento de japonês está muito pior que 6 meses atrás. E é justamente agora que eu mais preciso. Bom, pelo menos o histórico dos senpais indica mais ou menos a mesma tendência: apesar de um primeiro ano praticamente perdido, é quase certa a sobrevivência, e até mesmo o sucesso no fim dos 4 anos.

Agora já é 6 de abril. Hoje teve a cerimônia de boas-vindas aos novos estudantes da universidade. Ainda bem que eu não fui, porque ouvi dizer que saía gente pelo ladrão, e não houve nada de importante pro meu currículo. À tarde eu tive que ir à universidade para entregar uns documentos e pegar muitos outros. Parece que eu era a única a não estar vestindo terninho preto... Conversei com meu professor orientador, que, por sinal, foi o mesmo que aplicou a prova de redação no dia da minha entrevista. Muito simpático. Acho que ele tem confiança demais em mim. Disse que havia aulas de japonês para os estudantes estrangeiros, mas que achava que eu não precisava... hah.
Terei também um tutor, que deve me ajudar quando eu tiver problemas com Japonês, as papeladas da universidade, e com as aulas também, porque ele é estudante de pesquisa no mesmo departamento que eu. Acho que vou conhecê-lo esta sexta-feira, quando teremos uma cerimônia de boas-vindas pros estudantes estrangeiros. Essa, com comes e bebes. Como nos velhos tempos de Gaidai. (uau, soou como se tivesse sido há séculos...)

Meu quarto continua uma bagunça. Há prateleiras demais e nenhum gaveteiro. Eu, que durante a vida toda guardei minhas roupas em gavetas, estou perdida. Por isso tenho roupas na estante de livros e dentro do armário. Há um detalhe que não me permite aproveitar as prateleiras em 100% - elas são muito altas! Eu preciso de um banquinho, mas ainda estou procurando uma loja de móveis barata. Eu não vi nenhuma loja de móveis que seja somente uma loja de móveis. Será que a internet irá me salvar? Mas que internet?!
Enviarei algumas fotos do meu quarto por e-mail. Ele é bem maior que o quarto da Gaidai, e que o meu quarto no Brasil. Tem um banheiro com banheira e uma mini-cozinha, só que sem fogão. Praticamente uma kitinete. E fica no 9º e último andar. Da sacada do meu quarto eu vejo o ground da escola coreana e um parquinho, onde o pessoal joga futebol e beisebol. Da janela do corredor vê-se o porto. Infelizmente as sacadas do prédio são perpendiculares ao mar, ou seja, ninguém tem vista pro mar...

O Oscar, ah, o Oscar tá lá em Sendai, onde Judas perdeu as botas. Disse que está gostando muito da cidade, da universidade. Ele tava com medo de que Sendai fosse inaka (interior), mas parece que é uma cidade relativamente grande. O problema é que o dormitório em que ele mora fica bem afastado da cidade, não tem quase nada por perto, a não ser um cemitério... hihih. Não, parece que tem uma loja de conveniência também. Para piorar, o dormitório é cheio de regras, incluindo fechar as portas às 10 da noite! Aqui nós temos um código para abrir a porta depois das 11 da noite.

Dia 7 de abril. Esse terá sido o post que levou mais tempo para ser escrito na história do s blogs. Acordei mais ou menos às 8 e fiquei na cama até as 9. Às 9h30 saí para tirar o lixo e ir ao supermercado, mas o supermercado só abria às 10, então eu tive que caminhar pelas redondezas até as 10. Acho que agora vou a Sannomiya (centro de Kobe) para resolver o plano de saúde, plano do celular, pesquisar preços de passagens para Tokyo, fazer compras... acho que estou me esquecendo de alguma coisa... Ah! Preciso ir à locadora!

8. Ontem eu usei a internet. Mas de cara olhei o computador e achei que não tinha drive pro disquete. Concentrei-me nos e-mails, que eram muitos (principalmente desejando um feliz aniversário, muito obrigada), e quando estava saindo, porque havia acabado meu tempo, descobri que tinha entrada pro disquete, escondida. Ai, ai, ai... Hoje não pude usar a internet e amanhã também não poderei. Terei aulas de manhã e uma “welcome ceremony” seguida por uma “welcome party”, que está prevista para terminar às 7 da noite. Depois disso ainda tenho que ir à locadora devolver os filmes que eu aluguei ontem: Garota Interrompida (tem vírgula?) e Music From Another Room, com o gatíssimo Jude Law, que eu adorei. O filme.
Hoje tive uma orientação na facu, que foi das 9h30 às 3h30 da tarde. Graças ao chefe do departamento, que queria conferir se eu estava presente na sala (com uns 120 alunos), para dar uma informação, agora todo mundo neeeem sabe que eu me chamo Akinaga, que meu número de estudante termina com 502, e que eu sou brasileira! Bom, eu até que achei bom. Assim eu espero que todo mundo entenda que eu não sei falar japonês porque eu NÃO SOU JAPONESA!
Eu estou completamente perdida em relação ao horário das aulas, a que aulas eu tenho que assistir, onde, o que eu devo levar, sobre o que é... Bem, como vocês podem ver, eu estou totalmente integrada ao ambiente universitário japonês. Não conheci um único aluno japonês até agora, pra piorar. E também ainda não conheço direito o campus, que é grande e fica na montanha, e não é como a Cidade Universitária, as faculdades ficam em quarteirões diferentes de um bairro comum, ou então são separadas pela “vegetação de montanhas”, o que ajuda muito a não saber aonde se está indo. Ai, que fiasco... E eu ainda terei aulas de Educação Física!! Blergh, bleh.

Nenhum comentário: