sábado, 22 de janeiro de 2005

Adeus ano velho

Passei o Natal e o ano novo em Sendai. Voltei há 2 semanas, e logo as aulas começaram. Agora estou estudando (mentira) pras provas finais, e no meio de fevereiro começam as férias. Sendai estava extremamente frio, mas o Natal foi sem neve. Só começou a nevar depois que voltamos do ski tour. 2 dias, mas eu só esquiei (=frustrada tentativa) no primeiro dia, porque depois de esquiar, sim, depois, eu escorreguei com tudo numa rampinha sem vergonha na entrada da estação de esqui. Só eu mesmo, pra me ferir fora de combate. Nada grave, mas não deu pra batalhar no 2o dia... Virada do ano: -4 graus. Guerra de neve no meio da rua a caminho da danceteria. Dancei até as 5h e depois nós tivemos que esperar o ônibus até as 9h! Algumas amigas romenas também tinham vindo de Tokyo, então foi um pouco como nos velhos tempos.
Dia 17 de janeiro foi o aniversário de 10 anos do grande terrremoto de Kobe. Nesse dia eu tive aula de japonês, mas no meio da aula nós fomos até o outro campus, onde haveria uma cerimônia em memória dos alunos que morreram. Durante o dia todo, era só o que se falava na TV. É muito triste ver as imagens da época... Além da destruição, as pessoas que perderam amigos e parentes, suas casas, seu trabalho... O pior é que ninguém imaginava que um grande terremoto pudesse ocorrer em Kobe. Mas aconteceu e hoje em dia eles falam da "lição trazida pelo terremoto".
Os estudantes indonésios aqui de Kobe estão arrecadando dinheiro para as vítimas do tsunami. Uns amigos latinos que têm uma banda também fizeram um show beneficente. Na TV japonesa eles dão muita cobertura à Indonésia, claro, e à Tailândia, mas eu vejo poucas notícias sobre a Índia e o Sri Lanka, que tiveram muito mais mortos que a Tailândia. Sinceramente, não sei por quê.
O ano acabou de começar, mas o ano letivo já está terminando. Eu termino meu primeiro ano, e muitos dos meus amigos no Brasil entram no último ano. Vai fazer 2 anos que eu estou aqui, e acho que eu perdi contato com gente demais... Eu, que tanto abri a boca pra falar dessa sociedade alienada, mordi a língua, me isolei nessa ilha... Definitivamente, não era esse eu que eu imaginava pra mim. Não posso continuar assim. Eu quero me sentir indignada e falar "que merda!", quero ter vontade de fazer alguma coisa ao invés de só reclamar, quero ter idéias pra escrever e coisas interesantes pra falar, pra contar pros meus amigos. Se eu ainda tiver os meus amigos.